Vencedor da Mega-Sena, de Blumenau, jura ter jogado o bilhete no lixo

22/08/2011 08:48

 No distante Bairro Progresso, o boato correu rápido. Entre um cochicho aqui e outro ali, virou verdade entre os moradores que neste canto de Blumenau reside o ganhador dos R$ 2,7 milhões sorteados na Mega-Sena em 16 de julho. Para chegar até ele, difícil não é. O complicado é acreditar na história, já que o bilhete teria sido jogado no lixo e o pedreiro aposentado de 65 anos admite não ter provas do acerto dos seis números. Enquanto isso, o dinheiro segue depositado em uma conta da Caixa Econômica Federal. Ao citar o nome do ex-futuro milionário na comunidade, sorrisos se abrem e lamentações aparecem.


— Se apostou, tinha que ter guardado o cartão. Ele é uma pessoa que precisa, porque paga aluguel _ diz Virgílio Sborz, proprietário de um restaurante no bairro.

— Tem um boato aqui, mas ninguém viu o cartão com os números vencedores. Ou ele acha o bilhete ou entra na Justiça, não adianta — lamenta a atendente da lotérica que registrou os números vencedores, Iara Müller.

Na casa alugada, pintada de branco e com um Fusca na garagem, o aposentado recebe curiosos, mas a pedido do advogado prefere não ter o nome divulgado, para evitar gozações. Ele contratou um profissional para tentar reaver na Justiça o prêmio perdido. Natural de Camboriú, o apostador frequente da Lotérica Progresso, onde foi feito o jogo vencedor, atribui a um secreto "esquema numérico" o acerto dos seis números e à "displicência" o fato de ter perdido a única forma de retirar o prêmio e ficar milionário.


Lógica numérica

A combinação para as apostas usada pelo "matemático autodidata", como ele se denomina, partia dos números 1, 2, 3, 5 e 6. Naquela semana, disse ter jogado no sorteio de quarta-feira da Mega-Sena. No dia seguinte, ao conferir o jogo na lotérica, percebeu que havia errado as dezenas e rasgou o bilhete. No mesmo dia, conta ter feito outro jogo, com R$ 2, para a aposta do sábado, dia 16 de julho. 

Marcados no cartão, garante o aposentado, estavam os números 03-16-23-25-51-56. Eles não têm relação com datas especiais, placa de carro ou números da sorte do pedreiro. Mas são justamente os sorteados pela Caixa, que renderam R$ 2,7 milhões ao apostador de Blumenau. No sábado pela manhã, o sortudo azarão procurava por documentos médicos quando encontrou uma aposta da Mega-Sena.

— Peguei na mão e achei que fosse aquela da quarta-feira, que eu tinha errado. Rasguei e joguei no lixo — relata.

O desespero

No domingo, ao ver os números na televisão, desesperou-se. Para conferir, foi à lotérica na manhã de segunda-feira e saiu cabisbaixo. Em casa, procurou nas lixeiras da cozinha, banheiro, quarto. Mas o caminhão do lixo já havia levado do pedreiro a única esperança de virar milionário e comprar três imóveis, para ele e os dois filhos.

— É uma pena, ele queria ajudar muita gente. Mas agora temos que seguir em frente — diz a esposa, que sempre foi contra a mania que o aposentado tem de jogar.

Ele foi a única pessoa que apareceu na Lotérica Progresso reivindicando o prêmio. Por isso a informação se espalhou rapidamente no bairro. Desde então, o morador tornou-se o personagem principal da pergunta que vai perambular nas rodas de conversa da comunidade pelo menos até o dia 16 de outubro, quando encerra o prazo para o apostador retirar o prêmio na Caixa. Será mesmo ele o azarado vencedor do prêmio de R$ 2,7 milhões?

 

Fonte:

JORNAL DE SANTA CATARINA